Militares abandonam em massa as forças armadas.
Esse ano mais uma quantidade significativa de militares recém formados
abandonou as forças armadas. Cite-se de passagem, e com destaque, a
oficial piloto da FAB que ficou em primeiro lugar na Academia da Força
Aérea, mas que em janeiro passado pediu baixa para assumir uma função
burocrática na CGU. Pilotando um computador ela vai receber o dobro do
que receberia pilotando um caça. Ela havia dito: “Recomendo a carreira
de aviadora para as mulheres que, além do sonho de pilotar aviões,
tenham um amor profundo pelo Brasil. Sem um desses requisitos, acho que
não é possível”.
Oficiais engenheiros recém
contratados pelas Forças armadas, e que tinham carreiras promissoras
também estão prestes a ser desligados para ser admitidos pela Estatal
Petrobrás, que paga salários bem melhores.
Praças também não ficam atrás nessa
“onda”, basta comunicar que estará se inscrevendo para um concurso para
que não haja problemas no dia de realizar as provas. Uma pequena busca
na internet e encontram-se relatos de vários sargentos que deixaram a
caserna. Não é incomum durante uma blitz da polícia federal, ser
vistoriado por um ex-militar, praça ou oficial.
-- O Capital Militar --
Reportagens
recentes dão a entender que além dos baixos salários existe outro fator
que estimula a evasão. Assim que adquirem um pouco de experiência como
profissionais das armas, principalmente aqueles que ingressaram nas
forças armadas já tendo certa formação na vida civil, os novos militares
percebem que além de habilidades militares e profissionais, para
ascender até os últimos postos da carreira, o militar tem que ter também
a habilidade em acumular o chamado “*capital militar”, e este nem sempre é adquirido por meio do cumprimento de missões ou pela destreza nas artes da guerra.
Correio Braziliense diz: "Ninguém
assume isso lá dentro, mas o fato real é que, além do mérito, a questão
política é um fator fortíssimo para um coronel ascender a general. E
essa regra não é válida só no Exército. É o mesmo na Marinha e na
Aeronáutica", diz um oficial da reserva que pediu anonimato.
O capital militar adquirido
politicamente, pode ser maior na medida em que tenha-se trabalhado nos
locais certos auxiliando com eficácia as pessoas certas, ou seja, um
hipotético oficial que tenha servido no interior da Amazônia por dez
anos, atuado com excelência num local inóspito no combate ao
narcotráfico e realizado outras inúmeras missões perigosas, pode ter
menos capital militar, portanto - menos condições de alcançar o
Generalato - do que um oficial que tenha passado quase toda a carreira
em serviços burocráticos no Planalto Central.
Reportagem de Correio Brasiliense
diz: “Só em 2012, 245 oficiais militares deixaram as instituições. É
como se um oficial deixasse o contingente militar brasileiro a cada dia
útil do ano. Foi o maior volume de pedidos de demissão registrados entre
militares do círculo de oficiais desde 2006. Só nos primeiros três
meses deste ano, o Diário Oficial da União registrou a saída de outros
54 oficiais”.
*Livro: Militares Pela Cidadania – Editora Ponto da Cultura.
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